Bets já repassaram R$ 4 bilhões em impostos, mas mercado teme aumento de carga tributária
As casas de apostas esportivas com licença no Brasil já contribuíram com mais de R$ 4 bilhões em impostos e repasses obrigatórios em 2025, segundo dados da Receita Federal. O montante faz parte de uma arrecadação total de R$ 6,8 bilhões, que inclui tributos sobre licenças, operações e investimentos sociais.
Mesmo com o desempenho positivo, o governo estuda aumentar a tributação sobre o setor. O Ministério da Fazenda propôs elevar a alíquota de 12% para 18%, e uma nova proposta apresentada por parlamentares sugere chegar a 24%. A ideia divide opiniões entre autoridades e representantes da indústria, que alertam para os riscos de retração do mercado legalizado.
Empresários e analistas defendem que o foco deve ser o combate ao mercado ilegal, que ainda domina cerca de 40% das apostas no país. Estimativas indicam que o Brasil deixou de arrecadar até R$ 2,7 bilhões no segundo trimestre deste ano por causa de plataformas clandestinas. Além disso, quase metade dos apostadores já realizou depósitos em sites falsos.
Para Marcos Sabiá, CEO da Galerabet, a prioridade deveria ser eliminar a concorrência desleal. “Se o governo concentrar esforços em fechar o cerco contra as operações irregulares, a arrecadação pode dobrar sem necessidade de aumentar impostos”, afirma.
O sistema financeiro também tem atuado ativamente nesse processo. Fintechs e processadoras de pagamento, como a Paag, começaram a bloquear transações suspeitas e restringir parcerias apenas a empresas com licença emitida pela Secretaria de Prêmios e Apostas. A medida visa enfraquecer o fluxo financeiro das operações ilegais.
Enquanto o governo insiste em elevar a tributação, o setor reforça o papel econômico das apostas legalizadas: geração de empregos, investimentos em esporte e contribuição bilionária aos cofres públicos. O desafio agora é encontrar um equilíbrio que permita continuar o crescimento sem sufocar a competitividade do mercado.